sexta-feira, 16 de julho de 2021

"Alfabetização e letramento em sala de aula" - Diário de Leitura - Fernanda Gomes Figueiredo

 

  1. Referência bibliográfica:  CASTANHEIRA, Maria Lucia; MACIEL, Francisca Izabel Pereira; MARTINS, Raquel Márcia Fontes. ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO EM SALA DE AULA. Ceale – UFMG, Autêntica Editora, 2018.



O livro apresenta reflexões que surgem durante a formação docente sobre como atuar durante o processo de alfabetização dentro de uma sala de aula, após assumir a responsabilidade como professor de uma turma em período de aprendizado da alfabetização.

A alfabetização deve seguir lado a lado com o letramento apesar de serem dois processos de significados diferentes deve ter como início da aprendizagem da escrita, como desenvolvimento de habilidades de uso da leitura e da escrita nas práticas sociais que envolvem a língua escrita, e de atitudes de caráter prático em relação ao aprendizado; entendendo que a alfabetização e letramento, devem ter tratamento metodológico diferente e com isso alcançar o sucesso no ensino aprendizagem da língua escrita, falada e contextualizada .

 Letramento é informar-se através da leitura, não apenas do que está escrita, mas quando por exemplo, uma pessoa identifica uma placa de pare, ou um sinal de proibido fumar, ou um sinal indicando silêncio, mesmo não sendo alfabetizada, isso é letramento. Estar letrado é buscar notícias e lazer nos jornais, é interagir selecionando o que desperta interesse, divertindo-se com as histórias em quadrinhos, caça palavras, seguir receita de bolo, a lista de compras etc.

 Ser letrado é ler histórias com o livro nas mãos, é emocionar-se com as histórias lidas, e fazer, dos personagens, os melhores amigos. Letramento é descobrir o mundo através da leitura e da escrita é ler e compreender não apenas decodificar textos é estar vivendo no mundo do conhecimento constante é estar dentro da história quando você lê um texto, um conto, ou uma história e consegue capturar a sua essência aí você passa a fazer parte dela e isso é mágico.


quinta-feira, 15 de julho de 2021

"BNCC, Educação e História" - II Webinário Encontro USP-EScola

 

Participação do debate “"BNCC, Educação e História", do II Webinário Encontro USP-Escola” que é um evento da USP escola e da equipe APEP (Associação de professores de escolas públicas e escolas sem fins lucrativos) que foi um momento de troca muito especial. O debate aconteceu via zoom, mas devido a grande quantidade de inscritos aprovados eles nos direcionaram para participar da live pelo youtube.

Também tive a oportunidade de participar da "2ª Jornada digital da educação infantil", um evento promovido pela editora Moderna que conta com a participação de especialistas da 1ª infância que buscam apresentar práticas pedagógicas adequadas às necessidades das creches e escolas públicas do nosso país. Foram quatro dias de encontros formativos (entre os dias 12 e 15 de julho com a duração de 1h por dia), com momentos de troca de experiências, explorando as práticas pedagógicas. O evento foi apresentado por meio de lives via YouTube no canal Oficial da Editora Moderna. Foram quatro painéis, e cada um contou com convidadas especiais que apresentaram temas de extrema importância para a formação docente:

O painel 1 teve como tema "O PNA e seu impacto na educação infantil- O que esperar?", que contou com a participação da Sandra Puliezi (Doutora em Psicologia da Educação na PUCSP, Mestre em Psicologia da Educação na PUCSP, formada em Pedagogia pela Universidade de São Paulo, Psicopedagoga pela Universidade Mackenzie, pesquisadora, formadora de professores e professora alfabetizadora). Ela abordou o tema de forma clara e objetiva, mostrando a importância da Política Nacional da Alfabetização (PNA) e de se ter o conhecimento aprofundado nela para poder falar com propriedade (destacando que muitas críticas feitas não são coerentes às ideias do documento) e falou também sobre a importância de entender de verdade o documento. Ela falou também do Relatório Nacional de alfabetização baseado em evidências (RENABE) que é outro documento lançado pelo governo esse ano, destacando a importância dele para a compreensão dos conceitos teóricos mais importantes da PNA.

A palestrante preparou um slide para acompanhar a fala dela. Ela seguiu explicando o porquê o documento foi criado, a importância dele, e também falou sobre o quanto os cursos de pedagogia estão defasados, falando que tudo o que se vê é filosofia e teóricos do século passado (sem desvalorizar o papel, conhecimentos e importância deles) e a importância da educação acompanhar a pesquisa (criando novas disciplinas, exemplo: Neurociência mostrando pesquisas atuais). Foi aberto um espaço para ela responder as perguntar mais relevantes a fim de sanar algumas das nossas dúvidas. Ela seguiu falando sobre a importância de ativar diferentes áreas sensoriais e o quanto essa prática traz resultados satisfatórios para o processo de aprendizagem (tornando processo significativo).

A Sandra também falou sobre alguns dos projetos e programas desenvolvidos pelas ações da própria PNA, e um deles foi a elaboração do programa "Conta pra mim" que tem contações de histórias, livrinhos, vídeos no YouTube, cantigas e uma série de materiais incríveis e ricos (de alta qualidade), tudo online e gratuito disponibilizado pelo governo.

Foi falado também sobre a importância de explorar a PNA e de buscar equalizar e dar chances para o futuro das crianças (proporcionando o conhecimento alfabético, consciência fonológica, escrita, memória fonológica e a nomeação automática rápida através de exercícios) e de aproveitar o auge das sinapses que acontecem na infância.

Ela finalizou a live respondendo a pergunta tema do painel, destacando o que ela espera, nas palavras dela: “-Que os professores comecem a olhar para a PNA com carinho, enxergando a importância dela”. E deixou para nossa reflexão uma frase que o documento trás:

“Não se trata de alfabetizar na educação infantil, mas de proporcionar condições mínimas para que a alfabetização possa ocorrer com êxito no primeiro ano do ensino fundamental” (p.31). 

O painel 2 tratou de "Jogos e brincadeiras para o desenvolvimento da Literacia e Numeracia", apresentado pela Sandra Puliezi e pela Luzia Faraco (Licenciada em matemática pelo faculdade de filosofia, Ciências e letras de Moema/SP, com especialização lato sensu em psicopedagogia pelo centro universitário Nove de Julho/SP, autora e orientadora de artigos científicos de psicopedagogia, e docente em cursos de especialização lato sensu em psicopedagogia). Foi feita uma pergunta enganadora pela Juliana Vasconcelos (responsável em fazer a apresentação e mediação) para que se iniciasse o bate papo, e essa pergunta foi "O que falar como educadores aos pais que acreditam que crianças pequenas que brincam na escola não estão estudando/ aprendendo?". As convidadas responderam com muita precisão, mostrando que o brincar está relacionado ao processo de aprendizagem.

Elas apresentaram diversos jogos e brincadeiras que podem ser feitos na sala de aula brincando, se divertindo, aprendendo de forma significativa e despertando a criatividade das crianças. A professora Sandra falou sobre a importância da educação infantil como etapa preparatória para a futura Alfabetização, apresentando diversos documentos mostrando que para que a Alfabetização aconteça de forma eficaz não podemos nos apoiar apenas em práticas tradicionais, e sim ter baseamento e aporte teórico. Em um segundo momento a professora Luzia que falou um pouco da neurociência e o brincar, mostrando a importância do "significado" no processo de aprendizagem e a importância dos conteúdos sempre estarem ligados à realidade da criança, para que ela tenha uma base.

O painel 3 foi sobre "Aprendizagem da cidadania na pré-escola: um direito das crianças", com a presença da  Jacqueline Magalhães (Mestranda em educação pela PUC, graduada em pedagogia, coordenadora da educação infantil no colégio Arbos em Santo André, e atua em educação bilíngue e multilíngue). Que falou um pouco sobre a importância de pensar os valores de cidadania para o mundo atual.

A convidada falou do quanto a BNCC vem rompendo paradigmas e mostrando que a criança já é alguém que tem muita potência e que é um sujeito de direitos (e não de deveres), e nós (adultos) somos sujeitos com deveres e responsabilidades de garantir esses direitos. Ela também falou sobre a Importância de diversificar e planejar as formas de brincar, trazendo como exemplos: Materiais não estruturados, elementos da natureza, com crianças de diferentes idades, brinquedos estruturados em campos simbólicos etc.

A Jacqueline respondeu a pergunta tema do nosso encontro apoiada no campo "O eu, o outro e o nós" da BNCC, mostrando que nós educadores precisamos promover a participação (atuação) dos alunos nas escolhas do cotidiano, exe.: Organização da rotina diária, combinados, assembleia de classe etc.(buscando realizar as tomadas de decisões de forma democrática, mostrando para as crianças que temos deveres e responsabilidades no nosso dia a dia, e que precisamos refletir sobre as coisas para poder tomar algumas decisões, e partindo disso mediar às situações para que eles aprendam a resolver problemas), para assim garantir o direito à cidadania na escola da primeira infância.

E para fechar com chave de ouro o painel 4 tratou dos "Espaços para interagir e brincar na creche", com a Daniele Marques Vieira (Licenciada em pedagogia, mestre em história do Brasil, doutora em educação pela universidade federal do Paraná, coordenadora pedagógica na educação infantil, docente em cursos de formação de professores, consultora e acessória pedagógica da educação infantil), Maria Carmen Silveira Barbosa (doutora em educação, professora titular da faculdade de educação e editora de revistas destinadas a profissionais e estudantes da área da educação infantil) e a Larissa Kovalski Kautzmann (licenciada em pedagogia, mestre em educação, consultora e acessória pedagógica da educação infantil).

 A Juliana Vasconcelos (que faz parte da editora Moderna) foi a responsável em fazer a mediação, e ela iniciou a palestra com a pergunta: "A brincadeira para as crianças pequenas é também um aprendizado'?", E deu um espaço para que cada uma das convidadas pudessem expressar seus pontos de vista. O principal objetivo da live foi mostrar que as s brincadeiras e interações são fundamentais para o desenvolvimento das crianças e para que elas tenham aprendizagens importantes nessa faixa etária, e, além disso, mostrar a importância da estruturação e preparação desse espaço (escola).




                                                                                  Ingryd Sodré, bolsista Capes Pibid

quinta-feira, 8 de julho de 2021

Relatório do curso: "Educação Integral: Práticas do cotidiano para uma gestão escolar inclusiva" - Cecília

 


Este mês não haverá reunião. No lugar dos encontros estaremos fazendo cursos online e participando de palestras educacionais/ alfabetizadores. O curso qual escolhi participar tem por tema- Educação Integral: Práticas do cotidiano para uma gestão escolar inclusiva.

No primeiro encontro do curso tivemos uma introdução pela Regiane e pelo Josoé dizendo sobre as perspectivas do curso e que as mesmas seriam voltadas para a gestão escolar. De uma forma muito leve houve uma interação para saber a localização de onde as pessoas estavam assistindo, fizeram a divulgação das redes sociais da associação responsável por possibilitar aquele mini curso gratuito, apresentaram a equipe que organizou o encontro e fizeram suas apresentações pessoais.

O objetivo desse mini curso é trazer mais experiências e relatos do cotidiano do que a teoria em si.

A palestrante Regiane é mestre em educação, especialista em educação infantil e alfabetização, entre outras coisas. Possui quase 20 anos de carreira pública na secretaria de São Paulo atuando como professora.

O palestrante Josoé, por sua vez, possui 19 anos de formação, por mais de 15 anos atuou como professor de educação infantil, tem mestrado na PUC que dedicou falando sobre o perfil docente e questão de gênero, ou seja, a presença do professor homem nas creches de São Paulo. Está fazendo doutorado, e seu foco ainda é discutir o perfil docente mas fazer um paralelo entre o professor da educação infantil CEI, o que que pode aprender com o professor clássico (professor tradicional).

Os conteúdos que serão abordados no curso ao longo dos dias serão esses:

-Conceitos de Educação Integral

-Conceito de Gestão democrática

-Promoção da equidade

A palestrante Regiane começou então sua fala e trouxe uma questão para reflexão:

Integralidade do sujeito, o que é?

E ela retrata que nada mais é do que nós, a integralidade do sujeito somos nós, e não devemos pensar na educação como caixas separadas, pois na realidade elas são e devem ser juntas e misturadas. Com o tempo a escola priorizou a dimensão intelectual dos alunos e não é sobre isso. Somos todos singulares, diferentes e temos nossas pluralidades. A educação tem que ser para todos.

Social e econômico e dimensão política, o integral é isso, integrar todas as características do ser humano e na escola lembrar que ele não é só a dimensão intelectual. A criança é um corpo! Aprendemos com todos os nossos sentidos (tato, paladar, etc) o tempo inteiro. E por qual razão na escola ainda tentamos separar isso e diversas caixinhas? Infelizmente a escola ainda é muito conteudista.

Para exemplificar melhor a dimensão que são os alunos e que eles vão além do intelecto, contou relatos de casos que ocorreram com ela na pandemia e de mudanças que foram necessárias serem feitas nos ensinos por conta de situação familiares que impossibilitavam estudos deles. A mesma disse que, como gestora, já precisava ampliar sua visão para que fosse igualitária e desse as mesmas possibilidades para todos, mas houve um caso em específico que não conseguiu pensar pois estavam além da sua realidade social. Um aluno não podia fazer as tarefas pois tinha apenas um computador em casa, além dele a esposa estava de home office e seus dois filhos precisavam assistir as aulas, isso a deixou muito impactada e reflexiva. Com isso contou que as diferentes realidades sociais se intensificaram muito e um gestor precisa ter esse olhar, de pensar nos diversos casos e realidades vividas das pessoas.

No decorrer da palestra foi feito um comentário sobre expressões do tipo “a escola de antigamente era melhor”, e a palestrante interagiu com ele dizendo que as escolas de antigamente na verdade eram exclusivas e excludentes, então concordar com isso não fazia sentido. A de hoje mudou, mas ainda seleciona.

Para finalizar aquele pensamento, reforçou que a educação não acontece somente na escola. O aluno é muito mais do que vive ali no ambiente escolar, ele é feito de diversos aspectos.

Para isso ser entendido, ela continuou dizendo, tem que ensinar e qualificar os docentes gestores.

Na volta do intervalo houve a troca de palestrantes e dessa vez ouviríamos o Josoé.

O Josoé começou abordando sobre gestão democrática e contou seu trajeto na gestão. Trabalhou como diretor por 3 anos e hoje é vice em outra EMAI. Relatou que não é fácil e que há uma bifurcação diária quando necessita resolver problemas, pois precisa decidir se irá pelo caminho de abrir para os demais ou resolver sozinho os problemas.

Um dos alunos comentou sobre poder ter um questionário de teste de personalidade para ser gestor, pois nem todos poderiam ser. A palestrante, que estava apenas na escuta, achou interessante e retrucou dizendo que seria mais adequado falar perfil, porque perfil se molda, mas personalidade não.  Então essa discussão se alongou de uma forma divertida e bacana.

O palestrante voltou para o assunto de sua palestra, falando sobre democracia e sobre o que isso é. O gestor em si lida com diversos colegiados que existem dentro das instituições. Ele deve saber lidar com todos esses colegiados, pois são questões que precisam ser resolvidas, muitas vezes os outros chegam querendo de uma resposta imediata, mas nem sempre os problemas se resolvem na hora, há situações que levam tempo e nem sempre dá para resolver no mesmo instante.

Falou que o estilo de gestão dele é bem simples, ele não abre caixinhas separando o pessoal do profissional. Porque já reclamaram e inclusive pediram para que ele fosse menos risonho e espontâneo. A partir dessa fala entrou no assunto de que cria-se a necessidade e exigência de autoridade de alguém que seja duro, ríspido e sério. Citou Freud e outro pensador, que não me recordo o nome agora, mas ambos concordam que a personalidade autoritária não é benéfica.

No meio do enredo soltou um termo desconhecido para mim, mas muitos participantes pertencentes à gestão ali demonstraram entender e já estar familiarizados, a tal da “canetada” significa um comportamento que “faz parte do perfil autoritário”.

Continuou dizendo que o gestor deve ser um pouco de impessoalidade e ter acolhimento, sempre em equilíbrio, sem isso ele perde o grupo, trabalho e as propostas pedagógicas.

Confessou que o maior desafio é gerir o pessoal (alunos, professores, administradores, pessoas terceiradas, famílias). E o perfil de um bom gestor é ser um bom articulador e técnico/ burocrático, essas duas qualidades são boas, mas sozinhas possuem pontos negativos. O interessante é mesclar esses dois.

Um gestor é gestor em tempo integral, e nos disse sobre as muitas vezes que estava em casa e recebeu ligações pedindo para ir na escola resolver problemas fora do seu horário de trabalho.

Para possuir um ambiente de trabalho legal e respeitador, precisa haver uma troca, compreensão e bom relacionamento com os outros profissionais. A escuta atenta e o olhar sensível também cabem ao gestor para com o professor e sua habilidade, no que ele pode ser seu parceiro, em como ajudá-lo, dentre suas principais tarefas, um gestor deve observar as competências e habilidades dos profissionais da escola.

Para finalizar comentou os comentários recebidos no chat e terminou citando um sociólogo/ filósofo que diz que a escola reproduz o que a sociedade faz, ou seja, reprime, calunia, tira vantagem, e em Paulo freire fala-se de empatia, solidariedade, amor e compaixão. A escola precisa trabalhar essas coisas boas, e no ambiente democrático deixar claro que não é da forma que querem, e aderir essa posição deixando claro essa ideia não é o caminho mais fácil, o autoritário é fácil, mas o democrático não.

Com isso, encerrou o primeiro dia de minicurso sobre Educação Integral.

 

segunda-feira, 5 de julho de 2021

"Literatura infantil e Alfabetização" - Diário de leitura - Ana Guimarães

 

Referência bibliográfica:

STARLING, Jamilly; BELTRÃO, Lícia. Literatura infantil e Alfabetização. Salvador: UFBA, Faculdade de Educação: Superintendência de Educação a Distância, 2019. E-book (67 p.).



A obra inicia apresentando a ordem cronológica a respeito da literatura infantil, o livro parte de relatos da França entre os anos 1643 e 1725, dando ênfase ao escritor francês Charles Perrautl que foi um grande escritor da época. Entre seus textos publicados mais conhecidos estão: Chapeuzinho Vermelho, Cinderela ou O sapatinho de cristal, Barba Azul, O Pequeno Polegar, a Bela Adormecida no bosque, Mestre Gato ou O Gato de botas, as Fadas e Riquê do Topete.

Estudando de forma aprofundada sobre os textos anteriormente citados, acredita-se que foram apenas adaptados e registrados pelo francês, pois já circulavam de forma oral ou em folhetos de cordel, durante o Antigo Regime. Sendo assim, diversos objetos, animais e cenários que os textos possuem remetem a realidade vivida durante o século XVII.

Uma das histórias escritas por Charles, a saber Chapeuzinho Vermelho, possuía diversas versões e adaptações. Uma das adaptações da história, foi realizada pelos irmãos Grimm e publicada nos anos de 1812 e 1815. Resumidamente, observa-se que as histórias contadas sofrem influência do seu meio e são adaptadas a fim de terem mais sentido e impacto em sua região.

Avançando um pouco mais nos anos, entre 1835 e 1872, um jovem chamado Hans Cristhian Andersen publicou cerca de 168 contos. Cristhian foi o primeiro a ir além de reescritas e adaptações de contos, colocando em seus textos características marcantes como imagens da desigualdade social do seu tempo, experiências vividas na infância e valores cristãos. Entre seus contos publicados, podem ser destacados: A pequena vendedora de fósforos, A roupa Nova do Imperador, A pequena sereia, O rouxinol e o imperador, O Soldadinho de chumbo, A pastora e o limpador de chaminés, A Rainha da neve e O patinho feio.

Finalizando o primeiro capítulo, é ressaltada a importância da leitura de livros que fazem parte do imaginário popular, conceito de literatura clássica, e isso independe da idade. Essa defesa ocorre porque entrar em contato com o patrimônio cultural da nossa sociedade é uma forma de apropriação de uma herança construída e acumulada pelas gerações anteriores.

O segundo capítulo aprofunda-se na literatura brasileira começando pelo escritor Monteiro Lobato, na década de XX, que foi o primeiro a acreditar na inteligência da criança, na sua curiosidade intelectual e capacidade de compreensão, tornando a literatura infantil um instrumento promovedor de reflexão, questionamento e critica (anteriormente servia para dominação dos adultos e de uma classe, levando crianças a repetirem as mesmas estruturas).

Partindo para a década de XXX, encontra-se o escritor Viriato Corrêa que é o autor do livro Cazuza onde é retratada a vida escolar de um menino, mostrando a transição entre a fase não-escolar e a fase escolar da criança.

Já entre os anos 40 e 50, a fantasia e irrealidade começaram a ser deixadas de lado, pois acreditavam que textos com essas características poderiam formar adultos alienados e distantes da realidade. Sendo assim, neste período ganhou força a produção de livros informativos como biografias e livros de orientação profissional, destacando-se nomes como Lúcia Machado de Almeida, Maria José Dupré, Maria Clara Machado e Maria Heloisa Penteado.

Dando prosseguimento a ordem cronológica, na literatura infantil os anos 60 foram marcados por fundações de instituições apoiadoras e influenciadoras da literatura infantil, além de aspectos políticos como o período da ditadura militar; nos anos 70 ocorreram reformas na educação brasileira, como a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 5692/71), que reforçaram os laços da literatura infantil brasileira com a escola.

Finalizando o capítulo, entre o final do século XX e o início do século XXI ocorreu uma expansão dos livros, que começaram a ser acessados através de dispositivos móveis. Outro ponto a ser destacado é a evidência que foi dada a ilustradores e a inclusão de vozes de diferentes pessoas, como indígenas e negros.

No último capítulo a alfabetização é incluída no debate a respeito da literatura infantil brasileira, abordando a melhor forma de escolher a literatura e como aborda-la em sala de aula. A priori, é defendido que as escritas, imagens, sons e cores do mundo textual são necessárias para o alfabetizar letrando.

A presença da literatura no ambiente escolar teve sua origem na Grécia Antiga e começou com o gênero literário da poesia. O foco ao trazer literaturas para a sala de aula não era, entretanto, voltado para o aprendizado da gramática, mas sim para educar alunos na perspectiva moral e religiosa. Um exemplo disso aqui no Brasil era o fato dos livros serem utilizados para conversão e catequese dos indígenas.

Saindo do ambiente escolar, pode ser observado que, no ambiente familiar, permeia a literatura de tradição oral que é composta por gêneros como: parlendas, cantigas, trava-línguas, quadras, trovas, brincos e adivinhas. Esses textos são muito significativos para a aprendizagem e constituem parte dos primeiros repertórios infantis, tendo em vista sua forma descontraída, ritmada, lúdica e poética.

Neste sentido, são sugeridos diversos livros que contribuem para o conhecimento teórico e prático de como as literaturas infantis, em especial a de tradição oral, são agregadoras à etapa da alfabetização. Isso se dá porque como a criança sabe de memória o texto, ela pode fazer uma “pseudoleitura” e vai ajustando a forma gráfica com a oralidade memorizada.

No que concerne aos contos, é destacado o interesse das crianças por este tipo de literatura, que inclusive as faz se aquietar e se concentrar, já que conseguem se projetar na história contada e se conectar o mundo da narrativa com seus interesses e anseios.

Brevemente, os autores destacam a diferença entre ler histórias e contar histórias. O ato de ler uma narrativa trata-se de manter fidedignamente as estruturas e características do texto. Já a arte de contar uma história mantem o tema e o fio condutor da narrativa, mas abre espaço para a recriação. Vale ser ressaltado que no ambiente escolar há espaço para o ato de ler uma história e também para o ato de contar uma história.

Concluindo a obra, são dadas instruções para uma contação de histórias mais efetiva, devendo haver um contato inicial com a história, um preparo prévio da leitura, atenção ao ritmo e a modulação da voz.

 

 

1.     Parecer crítico:

Texto bem redigido, com grande repertório histórico, cultural e político. A forma como todo o livro foi envolvido é contagiante, repleto de criatividade e de forma muito bem pensada. A estrutura dos capítulos segue uma lógica ideal, contextualizando os fatos, aprofundando e ao final recapitula o que foi explicitado, deixando perguntas para reflexão e um desafio a ser solucionado. Particularmente, o livro mais interessante sobre o assunto que li até hoje.


O cotidiano da volta às aulas 2022

       No dia 17 de fevereiro de 2022, a aula teve início com a contação de história do livro “Do outro lado da rua” de Cris Eich. O difere...