quinta-feira, 8 de julho de 2021

Relatório do curso: "Educação Integral: Práticas do cotidiano para uma gestão escolar inclusiva" - Cecília

 


Este mês não haverá reunião. No lugar dos encontros estaremos fazendo cursos online e participando de palestras educacionais/ alfabetizadores. O curso qual escolhi participar tem por tema- Educação Integral: Práticas do cotidiano para uma gestão escolar inclusiva.

No primeiro encontro do curso tivemos uma introdução pela Regiane e pelo Josoé dizendo sobre as perspectivas do curso e que as mesmas seriam voltadas para a gestão escolar. De uma forma muito leve houve uma interação para saber a localização de onde as pessoas estavam assistindo, fizeram a divulgação das redes sociais da associação responsável por possibilitar aquele mini curso gratuito, apresentaram a equipe que organizou o encontro e fizeram suas apresentações pessoais.

O objetivo desse mini curso é trazer mais experiências e relatos do cotidiano do que a teoria em si.

A palestrante Regiane é mestre em educação, especialista em educação infantil e alfabetização, entre outras coisas. Possui quase 20 anos de carreira pública na secretaria de São Paulo atuando como professora.

O palestrante Josoé, por sua vez, possui 19 anos de formação, por mais de 15 anos atuou como professor de educação infantil, tem mestrado na PUC que dedicou falando sobre o perfil docente e questão de gênero, ou seja, a presença do professor homem nas creches de São Paulo. Está fazendo doutorado, e seu foco ainda é discutir o perfil docente mas fazer um paralelo entre o professor da educação infantil CEI, o que que pode aprender com o professor clássico (professor tradicional).

Os conteúdos que serão abordados no curso ao longo dos dias serão esses:

-Conceitos de Educação Integral

-Conceito de Gestão democrática

-Promoção da equidade

A palestrante Regiane começou então sua fala e trouxe uma questão para reflexão:

Integralidade do sujeito, o que é?

E ela retrata que nada mais é do que nós, a integralidade do sujeito somos nós, e não devemos pensar na educação como caixas separadas, pois na realidade elas são e devem ser juntas e misturadas. Com o tempo a escola priorizou a dimensão intelectual dos alunos e não é sobre isso. Somos todos singulares, diferentes e temos nossas pluralidades. A educação tem que ser para todos.

Social e econômico e dimensão política, o integral é isso, integrar todas as características do ser humano e na escola lembrar que ele não é só a dimensão intelectual. A criança é um corpo! Aprendemos com todos os nossos sentidos (tato, paladar, etc) o tempo inteiro. E por qual razão na escola ainda tentamos separar isso e diversas caixinhas? Infelizmente a escola ainda é muito conteudista.

Para exemplificar melhor a dimensão que são os alunos e que eles vão além do intelecto, contou relatos de casos que ocorreram com ela na pandemia e de mudanças que foram necessárias serem feitas nos ensinos por conta de situação familiares que impossibilitavam estudos deles. A mesma disse que, como gestora, já precisava ampliar sua visão para que fosse igualitária e desse as mesmas possibilidades para todos, mas houve um caso em específico que não conseguiu pensar pois estavam além da sua realidade social. Um aluno não podia fazer as tarefas pois tinha apenas um computador em casa, além dele a esposa estava de home office e seus dois filhos precisavam assistir as aulas, isso a deixou muito impactada e reflexiva. Com isso contou que as diferentes realidades sociais se intensificaram muito e um gestor precisa ter esse olhar, de pensar nos diversos casos e realidades vividas das pessoas.

No decorrer da palestra foi feito um comentário sobre expressões do tipo “a escola de antigamente era melhor”, e a palestrante interagiu com ele dizendo que as escolas de antigamente na verdade eram exclusivas e excludentes, então concordar com isso não fazia sentido. A de hoje mudou, mas ainda seleciona.

Para finalizar aquele pensamento, reforçou que a educação não acontece somente na escola. O aluno é muito mais do que vive ali no ambiente escolar, ele é feito de diversos aspectos.

Para isso ser entendido, ela continuou dizendo, tem que ensinar e qualificar os docentes gestores.

Na volta do intervalo houve a troca de palestrantes e dessa vez ouviríamos o Josoé.

O Josoé começou abordando sobre gestão democrática e contou seu trajeto na gestão. Trabalhou como diretor por 3 anos e hoje é vice em outra EMAI. Relatou que não é fácil e que há uma bifurcação diária quando necessita resolver problemas, pois precisa decidir se irá pelo caminho de abrir para os demais ou resolver sozinho os problemas.

Um dos alunos comentou sobre poder ter um questionário de teste de personalidade para ser gestor, pois nem todos poderiam ser. A palestrante, que estava apenas na escuta, achou interessante e retrucou dizendo que seria mais adequado falar perfil, porque perfil se molda, mas personalidade não.  Então essa discussão se alongou de uma forma divertida e bacana.

O palestrante voltou para o assunto de sua palestra, falando sobre democracia e sobre o que isso é. O gestor em si lida com diversos colegiados que existem dentro das instituições. Ele deve saber lidar com todos esses colegiados, pois são questões que precisam ser resolvidas, muitas vezes os outros chegam querendo de uma resposta imediata, mas nem sempre os problemas se resolvem na hora, há situações que levam tempo e nem sempre dá para resolver no mesmo instante.

Falou que o estilo de gestão dele é bem simples, ele não abre caixinhas separando o pessoal do profissional. Porque já reclamaram e inclusive pediram para que ele fosse menos risonho e espontâneo. A partir dessa fala entrou no assunto de que cria-se a necessidade e exigência de autoridade de alguém que seja duro, ríspido e sério. Citou Freud e outro pensador, que não me recordo o nome agora, mas ambos concordam que a personalidade autoritária não é benéfica.

No meio do enredo soltou um termo desconhecido para mim, mas muitos participantes pertencentes à gestão ali demonstraram entender e já estar familiarizados, a tal da “canetada” significa um comportamento que “faz parte do perfil autoritário”.

Continuou dizendo que o gestor deve ser um pouco de impessoalidade e ter acolhimento, sempre em equilíbrio, sem isso ele perde o grupo, trabalho e as propostas pedagógicas.

Confessou que o maior desafio é gerir o pessoal (alunos, professores, administradores, pessoas terceiradas, famílias). E o perfil de um bom gestor é ser um bom articulador e técnico/ burocrático, essas duas qualidades são boas, mas sozinhas possuem pontos negativos. O interessante é mesclar esses dois.

Um gestor é gestor em tempo integral, e nos disse sobre as muitas vezes que estava em casa e recebeu ligações pedindo para ir na escola resolver problemas fora do seu horário de trabalho.

Para possuir um ambiente de trabalho legal e respeitador, precisa haver uma troca, compreensão e bom relacionamento com os outros profissionais. A escuta atenta e o olhar sensível também cabem ao gestor para com o professor e sua habilidade, no que ele pode ser seu parceiro, em como ajudá-lo, dentre suas principais tarefas, um gestor deve observar as competências e habilidades dos profissionais da escola.

Para finalizar comentou os comentários recebidos no chat e terminou citando um sociólogo/ filósofo que diz que a escola reproduz o que a sociedade faz, ou seja, reprime, calunia, tira vantagem, e em Paulo freire fala-se de empatia, solidariedade, amor e compaixão. A escola precisa trabalhar essas coisas boas, e no ambiente democrático deixar claro que não é da forma que querem, e aderir essa posição deixando claro essa ideia não é o caminho mais fácil, o autoritário é fácil, mas o democrático não.

Com isso, encerrou o primeiro dia de minicurso sobre Educação Integral.

 

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