segunda-feira, 5 de julho de 2021

"Literatura infantil e Alfabetização" - Diário de leitura - Ana Guimarães

 

Referência bibliográfica:

STARLING, Jamilly; BELTRÃO, Lícia. Literatura infantil e Alfabetização. Salvador: UFBA, Faculdade de Educação: Superintendência de Educação a Distância, 2019. E-book (67 p.).



A obra inicia apresentando a ordem cronológica a respeito da literatura infantil, o livro parte de relatos da França entre os anos 1643 e 1725, dando ênfase ao escritor francês Charles Perrautl que foi um grande escritor da época. Entre seus textos publicados mais conhecidos estão: Chapeuzinho Vermelho, Cinderela ou O sapatinho de cristal, Barba Azul, O Pequeno Polegar, a Bela Adormecida no bosque, Mestre Gato ou O Gato de botas, as Fadas e Riquê do Topete.

Estudando de forma aprofundada sobre os textos anteriormente citados, acredita-se que foram apenas adaptados e registrados pelo francês, pois já circulavam de forma oral ou em folhetos de cordel, durante o Antigo Regime. Sendo assim, diversos objetos, animais e cenários que os textos possuem remetem a realidade vivida durante o século XVII.

Uma das histórias escritas por Charles, a saber Chapeuzinho Vermelho, possuía diversas versões e adaptações. Uma das adaptações da história, foi realizada pelos irmãos Grimm e publicada nos anos de 1812 e 1815. Resumidamente, observa-se que as histórias contadas sofrem influência do seu meio e são adaptadas a fim de terem mais sentido e impacto em sua região.

Avançando um pouco mais nos anos, entre 1835 e 1872, um jovem chamado Hans Cristhian Andersen publicou cerca de 168 contos. Cristhian foi o primeiro a ir além de reescritas e adaptações de contos, colocando em seus textos características marcantes como imagens da desigualdade social do seu tempo, experiências vividas na infância e valores cristãos. Entre seus contos publicados, podem ser destacados: A pequena vendedora de fósforos, A roupa Nova do Imperador, A pequena sereia, O rouxinol e o imperador, O Soldadinho de chumbo, A pastora e o limpador de chaminés, A Rainha da neve e O patinho feio.

Finalizando o primeiro capítulo, é ressaltada a importância da leitura de livros que fazem parte do imaginário popular, conceito de literatura clássica, e isso independe da idade. Essa defesa ocorre porque entrar em contato com o patrimônio cultural da nossa sociedade é uma forma de apropriação de uma herança construída e acumulada pelas gerações anteriores.

O segundo capítulo aprofunda-se na literatura brasileira começando pelo escritor Monteiro Lobato, na década de XX, que foi o primeiro a acreditar na inteligência da criança, na sua curiosidade intelectual e capacidade de compreensão, tornando a literatura infantil um instrumento promovedor de reflexão, questionamento e critica (anteriormente servia para dominação dos adultos e de uma classe, levando crianças a repetirem as mesmas estruturas).

Partindo para a década de XXX, encontra-se o escritor Viriato Corrêa que é o autor do livro Cazuza onde é retratada a vida escolar de um menino, mostrando a transição entre a fase não-escolar e a fase escolar da criança.

Já entre os anos 40 e 50, a fantasia e irrealidade começaram a ser deixadas de lado, pois acreditavam que textos com essas características poderiam formar adultos alienados e distantes da realidade. Sendo assim, neste período ganhou força a produção de livros informativos como biografias e livros de orientação profissional, destacando-se nomes como Lúcia Machado de Almeida, Maria José Dupré, Maria Clara Machado e Maria Heloisa Penteado.

Dando prosseguimento a ordem cronológica, na literatura infantil os anos 60 foram marcados por fundações de instituições apoiadoras e influenciadoras da literatura infantil, além de aspectos políticos como o período da ditadura militar; nos anos 70 ocorreram reformas na educação brasileira, como a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 5692/71), que reforçaram os laços da literatura infantil brasileira com a escola.

Finalizando o capítulo, entre o final do século XX e o início do século XXI ocorreu uma expansão dos livros, que começaram a ser acessados através de dispositivos móveis. Outro ponto a ser destacado é a evidência que foi dada a ilustradores e a inclusão de vozes de diferentes pessoas, como indígenas e negros.

No último capítulo a alfabetização é incluída no debate a respeito da literatura infantil brasileira, abordando a melhor forma de escolher a literatura e como aborda-la em sala de aula. A priori, é defendido que as escritas, imagens, sons e cores do mundo textual são necessárias para o alfabetizar letrando.

A presença da literatura no ambiente escolar teve sua origem na Grécia Antiga e começou com o gênero literário da poesia. O foco ao trazer literaturas para a sala de aula não era, entretanto, voltado para o aprendizado da gramática, mas sim para educar alunos na perspectiva moral e religiosa. Um exemplo disso aqui no Brasil era o fato dos livros serem utilizados para conversão e catequese dos indígenas.

Saindo do ambiente escolar, pode ser observado que, no ambiente familiar, permeia a literatura de tradição oral que é composta por gêneros como: parlendas, cantigas, trava-línguas, quadras, trovas, brincos e adivinhas. Esses textos são muito significativos para a aprendizagem e constituem parte dos primeiros repertórios infantis, tendo em vista sua forma descontraída, ritmada, lúdica e poética.

Neste sentido, são sugeridos diversos livros que contribuem para o conhecimento teórico e prático de como as literaturas infantis, em especial a de tradição oral, são agregadoras à etapa da alfabetização. Isso se dá porque como a criança sabe de memória o texto, ela pode fazer uma “pseudoleitura” e vai ajustando a forma gráfica com a oralidade memorizada.

No que concerne aos contos, é destacado o interesse das crianças por este tipo de literatura, que inclusive as faz se aquietar e se concentrar, já que conseguem se projetar na história contada e se conectar o mundo da narrativa com seus interesses e anseios.

Brevemente, os autores destacam a diferença entre ler histórias e contar histórias. O ato de ler uma narrativa trata-se de manter fidedignamente as estruturas e características do texto. Já a arte de contar uma história mantem o tema e o fio condutor da narrativa, mas abre espaço para a recriação. Vale ser ressaltado que no ambiente escolar há espaço para o ato de ler uma história e também para o ato de contar uma história.

Concluindo a obra, são dadas instruções para uma contação de histórias mais efetiva, devendo haver um contato inicial com a história, um preparo prévio da leitura, atenção ao ritmo e a modulação da voz.

 

 

1.     Parecer crítico:

Texto bem redigido, com grande repertório histórico, cultural e político. A forma como todo o livro foi envolvido é contagiante, repleto de criatividade e de forma muito bem pensada. A estrutura dos capítulos segue uma lógica ideal, contextualizando os fatos, aprofundando e ao final recapitula o que foi explicitado, deixando perguntas para reflexão e um desafio a ser solucionado. Particularmente, o livro mais interessante sobre o assunto que li até hoje.


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