Referência bibliográfica:
STARLING, Jamilly; BELTRÃO, Lícia. Literatura
infantil e Alfabetização. Salvador: UFBA, Faculdade de Educação:
Superintendência de Educação a Distância, 2019. E-book (67
p.).
A obra inicia apresentando a ordem cronológica a respeito da
literatura infantil, o livro parte de relatos da França entre os anos 1643
e 1725, dando ênfase ao escritor francês Charles Perrautl que foi um grande
escritor da época. Entre seus textos publicados mais conhecidos estão:
Chapeuzinho Vermelho, Cinderela ou O sapatinho de cristal, Barba Azul, O
Pequeno Polegar, a Bela Adormecida no bosque, Mestre Gato ou O Gato de botas,
as Fadas e Riquê do Topete.
Estudando de forma aprofundada sobre os textos
anteriormente citados, acredita-se que foram apenas adaptados e registrados
pelo francês, pois já circulavam de forma oral ou em folhetos de cordel,
durante o Antigo Regime. Sendo assim, diversos objetos, animais e cenários que
os textos possuem remetem a realidade vivida durante o século XVII.
Uma das histórias escritas por Charles, a saber
Chapeuzinho Vermelho, possuía diversas versões e adaptações. Uma das adaptações
da história, foi realizada pelos irmãos Grimm e publicada nos anos de 1812 e
1815. Resumidamente, observa-se que as histórias contadas sofrem influência do
seu meio e são adaptadas a fim de terem mais sentido e impacto em sua região.
Avançando um pouco mais nos anos, entre 1835 e
1872, um jovem chamado Hans Cristhian Andersen publicou cerca de 168 contos.
Cristhian foi o primeiro a ir além de reescritas e adaptações de contos,
colocando em seus textos características marcantes como imagens da desigualdade
social do seu tempo, experiências vividas na infância e valores cristãos. Entre
seus contos publicados, podem ser destacados: A pequena vendedora de fósforos,
A roupa Nova do Imperador, A pequena sereia, O rouxinol e o imperador, O
Soldadinho de chumbo, A pastora e o limpador de chaminés, A Rainha da neve e O
patinho feio.
Finalizando o primeiro capítulo, é ressaltada a
importância da leitura de livros que fazem parte do imaginário popular,
conceito de literatura clássica, e isso independe da idade. Essa defesa ocorre
porque entrar em contato com o patrimônio cultural da nossa sociedade é uma
forma de apropriação de uma herança construída e acumulada pelas gerações
anteriores.
O segundo capítulo aprofunda-se na literatura
brasileira começando pelo escritor Monteiro Lobato, na década de XX, que foi o
primeiro a acreditar na inteligência da criança, na sua curiosidade intelectual
e capacidade de compreensão, tornando a literatura infantil um instrumento
promovedor de reflexão, questionamento e critica (anteriormente servia para
dominação dos adultos e de uma classe, levando crianças a repetirem as mesmas
estruturas).
Partindo para a década de XXX, encontra-se o
escritor Viriato Corrêa que é o autor do livro Cazuza onde é retratada a vida
escolar de um menino, mostrando a transição entre a fase não-escolar e a fase
escolar da criança.
Já entre os anos 40 e 50, a fantasia e irrealidade
começaram a ser deixadas de lado, pois acreditavam que textos com essas
características poderiam formar adultos alienados e distantes da realidade.
Sendo assim, neste período ganhou força a produção de livros informativos como
biografias e livros de orientação profissional, destacando-se nomes como Lúcia
Machado de Almeida, Maria José
Dupré, Maria Clara Machado e Maria Heloisa Penteado.
Dando prosseguimento a ordem cronológica, na
literatura infantil os anos 60 foram marcados por fundações de instituições
apoiadoras e influenciadoras da literatura infantil, além de aspectos políticos
como o período da ditadura militar; nos anos 70 ocorreram reformas na educação
brasileira, como a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei
5692/71), que reforçaram os laços da literatura infantil brasileira com a
escola.
Finalizando o capítulo, entre o final do século XX
e o início do século XXI ocorreu uma expansão dos livros, que começaram a ser
acessados através de dispositivos móveis. Outro ponto a ser destacado é a evidência
que foi dada a ilustradores e a inclusão de vozes de diferentes pessoas, como
indígenas e negros.
No último capítulo a alfabetização é incluída no
debate a respeito da literatura infantil brasileira, abordando a melhor forma
de escolher a literatura e como aborda-la em sala de aula. A priori, é
defendido que as escritas, imagens, sons e cores do mundo textual são
necessárias para o alfabetizar letrando.
A presença da literatura no ambiente escolar teve
sua origem na Grécia Antiga e começou com o gênero literário da poesia. O foco
ao trazer literaturas para a sala de aula não era, entretanto, voltado para o
aprendizado da gramática, mas sim para educar alunos na perspectiva moral e
religiosa. Um exemplo disso aqui no Brasil era o fato dos livros serem
utilizados para conversão e catequese dos indígenas.
Saindo do ambiente escolar, pode ser observado que,
no ambiente familiar, permeia a literatura de tradição oral que é composta por
gêneros como: parlendas, cantigas, trava-línguas, quadras, trovas, brincos e
adivinhas. Esses textos são muito significativos para a aprendizagem e
constituem parte dos primeiros repertórios infantis, tendo em vista sua forma
descontraída, ritmada, lúdica e poética.
Neste sentido, são sugeridos diversos livros que
contribuem para o conhecimento teórico e prático de como as literaturas
infantis, em especial a de tradição oral, são agregadoras à etapa da
alfabetização. Isso se dá porque como a criança sabe de memória o texto, ela
pode fazer uma “pseudoleitura” e vai ajustando a forma gráfica com a oralidade
memorizada.
No que concerne aos contos, é destacado o interesse
das crianças por este tipo de literatura, que inclusive as faz se aquietar e se
concentrar, já que conseguem se projetar na história contada e se conectar o
mundo da narrativa com seus interesses e anseios.
Brevemente, os autores destacam a diferença entre
ler histórias e contar histórias. O ato de ler uma narrativa trata-se de manter
fidedignamente as estruturas e características do texto. Já a arte de contar
uma história mantem o tema e o fio condutor da narrativa, mas abre espaço para
a recriação. Vale ser ressaltado que no ambiente escolar há espaço para o ato
de ler uma história e também para o ato de contar uma história.
Concluindo a obra, são dadas instruções para uma
contação de histórias mais efetiva, devendo haver um contato inicial com a
história, um preparo prévio da leitura, atenção ao ritmo e a modulação da voz.
1. Parecer crítico:
Texto bem redigido, com grande
repertório histórico, cultural e político. A forma como todo o livro foi
envolvido é contagiante, repleto de criatividade e de forma muito bem pensada.
A estrutura dos capítulos segue uma lógica ideal, contextualizando os fatos,
aprofundando e ao final recapitula o que foi explicitado, deixando perguntas
para reflexão e um desafio a ser solucionado. Particularmente, o livro mais
interessante sobre o assunto que li até hoje.
Nenhum comentário:
Postar um comentário