Enfim, após
termos passado quatro semanas sem aula, ali estávamos nós voltando para às
atividades presenciais. Comentei com as meninas que apesar de já termos nos
acostumado com o local, as pessoas, a rotina e todo trajeto até a escola, o
frio na barriga que dava era sempre como se fosse o da primeira vez, uma
ansiedade que parecia não passar nunca! As aulas nunca caem na rotina, sempre
tem algo de diferente e um novo episódio acontece, monótona é uma coisa que eu
aprendi que a sala de aula não é.
Após chegar na escola e esperar dar o
horário da professora ir buscar os alunos no portão, foi a primeira vez que pudemos
acompanhar esse processo. Ao chegarmos lá, cada professora encontrava-se com
sua turma correspondente em fileira. Me admirei como não dava bagunça e nem
desrespeitavam o distanciamento social. Naquele dia 4 alunos tinham vindo.
A professora dedica o momento inicial da aula para contar histórias e cantar com os alunos. Depois ela pergunta se sabiam o que era uma
lista. Alguns responderam mas não consegui ouvir suas respostas por conta do
barulho que vinha de fora. Explicou a regra que compunha uma lista, que é
necessário ter palavras uma embaixo da outra. Primeiro fez uma lista de nomes
com as pessoas presentes em sala e ao terminá-la disse que poderíamos colocar
números ao lado.
Depois fez uma
lista de comida, onde cada um dizia a sua preferida, e colocou quadrados
dizendo que também era outra forma de organizar uma lista. Conforme ia
escrevendo as comidas, ia pedindo para prestarem atenção em como eram escritas,
chamava atenção também para palavras que se pareciam, como “salada”, “batata” e
“lasanha”. Nesta lista de comidas a professora criou uma situação pedindo para
que eles imaginassem a mamãe indo no supermercado com aquela lista em mãos, e ao
pegar uma comida da lista ela fazia um visto no quadrado. O que achei
interessante foi que a prô Evelyn não falou as comidas na ordem, ia sempre
alternando e pedindo para que os alunos apontassem onde estava a palavra certa.
Por último, fez
com a ajuda dos alunos uma lista de brinquedos e o primeiro escolhido por um deles
foi o carrinho. Nesse momento a professora perguntou como achavam que se
escrevia carrinho - a primeira sílaba “ca” era escrita como? Boa parte
respondeu que seria com a letra “K”. Chamou uma das alunas para escrever na
lousa, e a aluna começou escrevendo com “K”, a professora interveio e disse que
não era assim, logo em seguida outra aluna se dispôs, mas quando chegou para
escrever colocou o número “6”.
Visto que nenhum sabia a resposta correta, a professora escreveu a palavra “carrinho” e mostrou que a forma certa de escrever eram com “ca”, uma das alunas ficou surpresa. Conforme ia escrevendo o nome dos demais brinquedos na lista, tentava fazer os alunos dizerem como achavam que se escrevia a primeira sílaba, como na palavra “ma-ssinha”. Ao perguntar sobre o “ma”, os alunos acertaram a vogal A, e a professora tentava sempre instigar qual letra vinha antes, no caso o “M”, quando escreveu a letra “M” pediu para que o aluno de nível garatuja reconhecesse e dissesse o nome dela, mas o mesmo não soube responder, entretanto, os demais alunos souberam.
Acabado a atividade de fazer listas, uma
folha foi entregue para cada aluno e a professora pediu para que escrevessem o
seu nome no espaço acima. Neste momento pude observar muito de perto o aluno
garatuja olhando como o seu nome tinha sido escrito na lousa, ele olhava, apontava
com o lápis e copiava na folha.
O mais curioso é
que ao escrever seguia fielmente as ordens das letras:
1° (Y) – 2° (A)
– 3° (G) – 4° (O), mas no papel não colocava na ordem grafo-visual correta,
ficando:
1° (O) – 2° (G)
– 3° (Y) – 4° (A)
Vendo este feito acontecer, a professora foi ajudá-lo dizendo que ele precisava seguir a ordem correta para o seu nome ser legível. Após a prô escrever seu nome na folha com caneta, pediu para ele copiar em baixo igual estava em cima. Quando faltava a vogal “O” para completar ela perguntou, “qual falta agora? Qual o nome dessa letra que falta?”, e ele disse: “a bola”.
As crianças
ficavam super empolgadas contando as vogais, não deixavam passar uma sequer e
alguns até acertaram que a vogal “A” ganharia, pois aparecia mais vezes. Na
hora de contar a pontuação das vogais, todos demonstraram saber contar até 10
corretamente, até mesmo o aluno garatuja.
Na segunda lista
que estavam as comidas o aluno do grafismo reconheceu muito mais, porém foi
esquecendo o nome das vogais. Quando a
professora chegou na terceira lista, os alunos já estavam relutantes em fazer a
batalha, mas quando começou ficaram tão empolgadas quanto estavam na primeira e
no final disseram ter gostado.
Mais uma folhinha, e a última, foi
trabalhada naquela manhã. Enquanto os colegas se arrumavam, a professora pediu
para que o aluno com dificuldade em escrita escrevesse o seu nome na folha, e
mais uma vez ele errou, então corrigiu e o fez refletir de novo se estava
fazendo certo.
Os exercícios
propostos eram compostos por pontilhados e circulação da vogal “U”, foram
feitos novamente com a ajuda da professora.
Quando terminaram as atividades, a professora distribuiu massinha para todos e colocou como desafio fazerem as vogais. Vi que alguns sentiram dificuldade, mas todos conseguiram moldar as vogais, exceto o aluno garatuja que fez “A”, “I”, “U” e quase uma letra “E”, a vogal “O” ao ver dele bastava fazer uma bolinha para representá-la.
Vendo que haviam
conseguido cumprir o desafio, involuntariamente passaram a moldar os seus
próprios nomes.
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