quarta-feira, 14 de abril de 2021

Diário de Campo - 14/04/2021 - Cecília

 

        Enfim, após termos passado quatro semanas sem aula, ali estávamos nós voltando para às atividades presenciais. Comentei com as meninas que apesar de já termos nos acostumado com o local, as pessoas, a rotina e todo trajeto até a escola, o frio na barriga que dava era sempre como se fosse o da primeira vez, uma ansiedade que parecia não passar nunca! As aulas nunca caem na rotina, sempre tem algo de diferente e um novo episódio acontece, monótona é uma coisa que eu aprendi que a sala de aula não é.

       Após chegar na escola e esperar dar o horário da professora ir buscar os alunos no portão, foi a primeira vez que pudemos acompanhar esse processo. Ao chegarmos lá, cada professora encontrava-se com sua turma correspondente em fileira. Me admirei como não dava bagunça e nem desrespeitavam o distanciamento social. Naquele dia 4 alunos tinham vindo.

       A professora dedica o momento inicial da aula para contar histórias e cantar com os  alunos. Depois ela pergunta se sabiam o que era uma lista. Alguns responderam mas não consegui ouvir suas respostas por conta do barulho que vinha de fora. Explicou a regra que compunha uma lista, que é necessário ter palavras uma embaixo da outra. Primeiro fez uma lista de nomes com as pessoas presentes em sala e ao terminá-la disse que poderíamos colocar números ao lado.

        Depois fez uma lista de comida, onde cada um dizia a sua preferida, e colocou quadrados dizendo que também era outra forma de organizar uma lista. Conforme ia escrevendo as comidas, ia pedindo para prestarem atenção em como eram escritas, chamava atenção também para palavras que se pareciam, como “salada”, “batata” e “lasanha”. Nesta lista de comidas a professora criou uma situação pedindo para que eles imaginassem a mamãe indo no supermercado com aquela lista em mãos, e ao pegar uma comida da lista ela fazia um visto no quadrado. O que achei interessante foi que a prô Evelyn não falou as comidas na ordem, ia sempre alternando e pedindo para que os alunos apontassem onde estava a palavra certa. 


Por último, fez com a ajuda dos alunos uma lista de brinquedos e o primeiro escolhido por um deles foi o carrinho. Nesse momento a professora perguntou como achavam que se escrevia carrinho - a primeira sílaba “ca” era escrita como? Boa parte respondeu que seria com a letra “K”. Chamou uma das alunas para escrever na lousa, e a aluna começou escrevendo com “K”, a professora interveio e disse que não era assim, logo em seguida outra aluna se dispôs, mas quando chegou para escrever colocou o número “6”.


Visto que nenhum sabia a resposta correta, a professora escreveu a palavra “carrinho” e mostrou que a forma certa de escrever eram com “ca”, uma das alunas ficou surpresa. Conforme ia escrevendo o nome dos demais brinquedos na lista, tentava fazer os alunos dizerem como achavam que se escrevia a primeira sílaba, como na palavra “ma-ssinha”. Ao perguntar sobre o “ma”, os alunos acertaram a vogal A, e a professora tentava sempre instigar qual letra vinha antes, no caso o “M”, quando escreveu a letra “M” pediu para que o aluno de nível garatuja reconhecesse e dissesse o nome dela, mas o mesmo não soube responder, entretanto, os demais alunos souberam.

       Acabado a atividade de fazer listas, uma folha foi entregue para cada aluno e a professora pediu para que escrevessem o seu nome no espaço acima. Neste momento pude observar muito de perto o aluno garatuja olhando como o seu nome tinha sido escrito na lousa, ele olhava, apontava com o lápis e copiava na folha.


O mais curioso é que ao escrever seguia fielmente as ordens das letras:

1° (Y) – 2° (A) – 3° (G) – 4° (O), mas no papel não colocava na ordem grafo-visual correta, ficando:

1° (O) – 2° (G) – 3° (Y) – 4° (A)


Vendo este feito acontecer, a professora foi ajudá-lo dizendo que ele precisava seguir a ordem correta para o seu nome ser legível. Após a prô escrever seu nome na folha com caneta, pediu para ele copiar em baixo igual estava em cima. Quando faltava a vogal “O” para completar ela perguntou, “qual falta agora? Qual o nome dessa letra que falta?”, e ele disse: “a bola”.


 Terminando esses exercícios, foram todos para o intervalo. Quando retornaram, a primeira atividade que a professora fez foi cantar a música das vogais “AEIOU” com a ilustração feita em EVA. Antes disso, recapitulou com os alunos as vogais e perguntou para o aluno garatuja quais eram aquelas letras, ele reconheceu apenas a letra “O” e “U”, mas, assim que a música acabou, e conforme a professora ia fazendo a nova atividade, que era contar quantas vogais havia no total de cada palavra, conseguiu lembrar o nome de todas elas.




 Esta atividade proposta pela professora tinha o nome “batalha de vogais” – nela, as vogais de cada palavra das listas montadas no início da aula eram analisadas e contadas individualmente, gerando pontos no quadro ao lado para cada vogal que havia aparecido na palavra.

As crianças ficavam super empolgadas contando as vogais, não deixavam passar uma sequer e alguns até acertaram que a vogal “A” ganharia, pois aparecia mais vezes. Na hora de contar a pontuação das vogais, todos demonstraram saber contar até 10 corretamente, até mesmo o aluno garatuja.

Na segunda lista que estavam as comidas o aluno do grafismo reconheceu muito mais, porém foi esquecendo o nome das vogais.  Quando a professora chegou na terceira lista, os alunos já estavam relutantes em fazer a batalha, mas quando começou ficaram tão empolgadas quanto estavam na primeira e no final disseram ter gostado.

       Mais uma folhinha, e a última, foi trabalhada naquela manhã. Enquanto os colegas se arrumavam, a professora pediu para que o aluno com dificuldade em escrita escrevesse o seu nome na folha, e mais uma vez ele errou, então corrigiu e o fez refletir de novo se estava fazendo certo.

    Os exercícios propostos eram compostos por pontilhados e circulação da vogal “U”, foram feitos novamente com a ajuda da professora.

    Quando terminaram as atividades, a professora distribuiu massinha para todos e colocou como desafio fazerem as vogais. Vi que alguns sentiram dificuldade, mas todos conseguiram moldar as vogais, exceto o aluno garatuja que fez “A”, “I”, “U” e quase uma letra “E”, a vogal “O” ao ver dele bastava fazer uma bolinha para representá-la.

Vendo que haviam conseguido cumprir o desafio, involuntariamente passaram a moldar os seus próprios nomes. 



 


Nenhum comentário:

Postar um comentário

O cotidiano da volta às aulas 2022

       No dia 17 de fevereiro de 2022, a aula teve início com a contação de história do livro “Do outro lado da rua” de Cris Eich. O difere...